5 coisas que aprendi no meu primeiro ano empreendendo

Apesar das biografias de empreendedores gostarem de apresentá-los como gênios solitários, a verdade é que um empreendedor bem sucedido conta com muita ajuda

Após vinte anos de carreira, dos quais dez dedicados a posições corporativas, decidi “pular da janela” e começar a empreender. Foi uma decisão difícil, amadurecida durante dois anos, e da qual não me arrependo. Em apenas um ano, parece que amadureci dez – e quem escreve já está perto dos quarenta, só para dar uma ideia do impacto.

Neste texto, gostaria de compartilhar cinco coisas que aprendi e vou levar para a vida toda. São aprendizados que podem ajudar um empreendedor de primeira viagem a refletir, e que teriam sido úteis para mim há um ano atrás.

1. Ninguém empreende sozinho

Apesar das biografias de empreendedores gostarem de apresentá-los como gênios solitários, a verdade é que um empreendedor bem sucedido conta com muita ajuda. Família, amigos, sócios, rede de networking, igreja, tudo isso é fundamental para oferecer ao empreendedor mentorias, indicar a clientes ou mesmo emprestar dinheiro na hora que a situação aperta.

A ajuda vem de onde menos se espera. Por exemplo, no começo da Comm Cloud foi fundamental o apoio de um executivo de agência concorrente, amigo nosso, que nos indicou para três clientes potenciais que o haviam procurado. Dos nossos quatro primeiros projetos, três foram de ex-clientes no meu emprego anterior. Vários amigos do mercado avaliaram o produto, criticaram, apontaram melhorias, e muitos deles eram concorrentes diretos.

Não é à toa que o empreendedor se insere em um ecossistema. Um hub como o Campus São Paulo, do Google, foi fundamental para nosso desenvolvimento, mesmo não sendo residentes. Da mesma forma, o ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul) nos abriu várias portas na região do ABC Paulista.

2. Foque naquilo que você faz de melhor

No começo da Comm Cloud, queríamos fazer tudo, nos posicionar como uma agência full service. Até que aprendemos a importância de focar em nossas principais competências. A escalabilidade apareceu como resultado do foco. No pitch melhorou, e nossa proposta de valor ficou mais interessante.

Claro que ter foco exige coragem de negar serviços. Especialmente quando o dinheiro é curto, a vontade de atender tudo é enorme. Mas não, deve-se ter coragem de dizer não àquilo que está fora do nosso foco. Isso ajuda a concentrar energia no que importa, no que traz resultado.

3. Ou seu produto é essencial e urgente, ou ninguém vai comprar

Muitas vezes eu ouvia de executivos do mercado “os clientes virão até nós porque somos inteligentes”. Esta frase é uma demonstração de falta de inteligência. Os clientes vêm até nós porque precisam, não por nossa beleza.

Aaron Ross, o ex-CMO da Salesforce, diz “nenhuma empresa contrata o nice to have”. Por isso, se o seu produto não ataca uma dor do mercado, ele é apenas nice to have. Nós levamos um tempo até chegar ao PR de Performance, conceito que coloca a assessoria de imprensa dentro de uma estratégia de sales marketing. Quando chegamos nele, atingimos uma dor clara do mercado: a necessidade das marcas em obter provas sociais e credibilidade perante o cliente final.

4. Seja parceiro do seu cliente

A Comm Cloud é uma empresa de empreendedores que atende outros empreendedores. Por isso, podemos dizer que temos os mesmos problemas, ou seja, temos total empatia com suas necessidades.

Isso é fundamental. O valor do atendimento está além do mero cumprimento de uma meta pré-estabelecida. Está em entender as necessidades e dores do cliente, ajudá-lo a tomar a melhor decisão, ser flexível diante do seu fluxo de caixa. Toda interação é uma oportunidade de encantar e satisfazer – até o envio do boleto do mês. E não há melhor máquina de vendas que cliente satisfeito.

5. Persistência

Nem tudo estará claro logo de início. Os resultados demoram a chegar. Será necessário pivotar, corrigir rumo, readequar estratégia, recomeçar todos os dias. Por isso, é fundamental insistir, muitas vezes “contra toda a esperança”. Jim Collins costuma dizer que os líderes das empresas vencedoras têm a disciplina de persistir sem esperar retorno rápido.

É isso que diferencia o empreendedor: a coragem de seguir em frente, mesmo diante da incerteza. Essa jornada acaba sendo mais segura que a estabilidade proporcionada, por exemplo, por um concurso público. Tantas prefeituras e governos estaduais estão quebrados neste momento, atrasando salários e suspendendo concursos. Enquanto isso, os empreendedores estão construindo a retomada econômica de agora. Nós, da Comm Cloud, preferimos estar neste grupo.

Por fim, vale esclarecer se tudo isso valeu a pena em plena crise. Sim, valeu a pena. E digo mais: a crise é o melhor momento para empreender. É nessa hora que as pessoas e empresas estão mais abertas à mudança, e topam testar novas soluções. Ao mesmo tempo, a crise serve de base de testes para a empresa, assim, quando chega a retomada, ela está pronta para surfar o crescimento econômico. Por fim, só o empreendedorismo é a saída para a crise: é ele que promove a geração de empregos e os ganhos de produtividade que o país precisa. Empreendemos na crise, e conseguimos crescer na crise. É isso que importa.

Fonte: Administradores

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