3 lições do Dropbox para criar um produto amado por todos

Marcio Von Muhlen, gerente de produtos da Dropbox, dá conselhos para empreendedores que querem levar seus produtos e serviços a novos países.

 

Não é fácil criar um produto ou serviço que conquiste consumidores com diferentes características. Muitas vezes, é preciso fazer ajustes na sua ideia de negócio para que ela se adapte a necessidades que surgem ao longo do tempo.

Foi isso que empresas presentes em diversos países, como o Dropbox, fizeram. O serviço de armazenamento de arquivos na nuvem começou como uma espécie de “pasta mágica” para acessar documentos de qualquer local ou dispositivo, em 2007. Com o tempo, porém, o negócio teve de reavaliar qual era seu valor: a missão da empresa estava não nos arquivos, mas sim em simplificar a maneira pela qual as pessoas compartilham tarefas.

Hoje, mais de cinco milhões de pessoas usam o Dropbox – 75% delas fora dos Estados Unidos, país de origem do serviço. Corporativamente, são 200 mil empresas usuárias, que vão desde startups até multinacionais como Adidas e Dentsu.

Como coordenar as necessidades de tantos perfis de consumidores diferentes e criar um produto que caia no gosto de todos eles? Marcio Von Muhlen, gerente de produtos do Dropbox, listou nesta manhã três regras de ouro para que seu produto ou serviço alcance um grande sucesso.

Muhlen falou durante a Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo (CASE 2016), um dos maiores eventos de negócios inovadores da América Latina. A conferência acontece em São Paulo e alguns temas comentados são gestão de produtos, vendas e internacionalização. É possível acompanhar o CASE 2016 ao vivo e online, por meio de streaming.

1. Seja empático e pense mais no que o seu consumidor quer

Qual o primeiro passo para criar um negócio de grande apelo? Se você respondeu buscar a tecnologia adequada e desenvolver logo seu produto ou serviço, é bom repensar: um bom empreendimento parte não do que você possui, mas do que os outros procuram.

“A tecnologia é ótima e desenvolver um produto demanda muito trabalho. Porém, começar por ela pode fazer com que você crie um produto sem conexão com seus consumidores”, explica Muhlen.

Então, o primeiro passo é ouvir esses usuários – e arregaçar as mangas para isso. “Todos do time de desenvolvimento de produtos, incluindo eu, passamos milhares de horas todos os anos em contato presencial com nossos consumidores. Com isso, você consegue vários insights e aprende como seu produto se encaixa na vida deles”, afirma Muhlen.

Para o gerente de produtos, é importante que esse contato seja presencial, porque há detalhes que o empreendedor não capta por telefone, por pesquisas online ou por analistas. “Muitas pessoas vêm ao nosso escritório em São Francisco, mas muito mais frequentemente nós vamos até onde as pessoas trabalham, desde escritórios até cafeterias. Esse contato próximo é algo que valorizamos mais do que as análises de dados.”

Depois de descobrir exatamente por quais dificuldades seus consumidores passam ao usar produtos do dia a dia (ou o protótipo do seu), traga tais insightspara todo seu time – e não só para você ou para pessoas com as quais você trabalha diretamente. No Dropbox, Muhlen diz trazer vídeos de usuários que têm dificuldades em usar o produto e então discutir com o time o que pode ser feito.

“Nós temos de trazer a informação que obtemos nesse contato presencial para todos. É muito importante que sua empresa esteja consciente de para quem eles estão criando e mantendo um produto ou serviço. Assim, todas as decisões serão feitas com o desejo de consumidores em mente e o produto será melhor.”

2. Faça seu consumidor usar o produto sem precisar de um manual

O segundo passo para que seu produto seja amado por todos é a simplicidade: é preciso transformar o complexo em fácil, encaixando seu produto de forma clara na vida dos consumidores – a ponto de ele nem ter de pensar na hora de usá-lo.

“Para isso, elimine etapas de decisão encontradas no seu produto. Os consumidores não gostam de fazer muitas escolhas”, analisa Muhlen. “Você pode pensar que essa remoção faz seu produto ser menos poderoso. Mas o que faz sua ideia ser usada por muitas pessoas, na minha opinião, é que os usuários não precisem de um manual para saber para que seu produto serve.”

Como exemplo de simplificação de produto, o gerente cita uma visita do Dropbox a uma indústria. No negócio, muitos funcionários fotografam etapas de produção para manter o controle de qualidade. Esse processo de tirar fotos, renomeá-las e compartilhar com a equipe, porém, envolvia diversos passos.

“Por isso, nós criamos um scanner de documentos: automaticamente, as fotos tiradas viram um arquivo pdf buscável pela internet. Assim, simplificamos o processo tanto para quem tira a foto quanto para os funcionários que querem procurar a imagem”, explica o gerente de produtos.

3. Elabore uma ideia tão boa que não haja como ignorá-la

Responda rápido: sua ideia está mais para uma vitamina ou para um analgésico? Ou seja: seu produto ou serviço é apenas bom de se ter por perto ou realmente é algo necessário para a vida do seu cliente?

Trabalhar para ser algo que realmente resolva as dores dos consumidores é a última regra de um produto com apelo geral. Essa lei pode ser resumida em poucas palavras: gere impacto de verdade, focando em grandes problemas.

“Muitas ideias de negócio são boas, mas podem ser ignoradas. No Dropbox, queremos criar analgésicos – produtos que os consumidores não só usem, mas que compartilhem com seus amigos e sugiram mudanças a todo momento, porque é algo importante para eles”, explica Muhlen.

Porém, como criar essas ideias geniais? O gerente de produtos recomenda voltar à primeira regra de ouro: ouvir os seus consumidores e ter como objetivo fazer com que eles sejam bem sucedidos.

“Tenha como meta solucionar os maiores problemas dos clientes, fazendo com que eles aumentem vendas, ocupem tempo ocioso ou pareçam bons aos olhos de seus chefes, colegas ou funcionários. Assim, você fará com que seus usuários fiquem deslumbrados e divulguem sua ideia aos colegas, criando um círculo vicioso de uso e divulgação para seu negócio.”

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Fonte: Exame