O método Lego Serious Play transforma o brinquedo em uma ferramenta para refletir sobre o cenário estratégico das empresas
Num ambiente de trabalho formal, pontos coloridos chamam a atenção dos desavisados: peças de Lego. Os objetos não foram esquecidos por uma criança. O brinquedo ganhou uma nova função nas mãos de empresários e executivos.
Enquanto juntam pecinhas para formar imagens, eles estão se comunicando melhor, resolvendo problemas e compreendendo de forma mais clara os processos da empresa.
Essa dinâmica faz parte do Lego Serious Play (jogo sério, em tradução livre), uma metodologia que traz o brinquedo para dentro do mundo dos negócios.
HISTÓRIA
Há mais de 60 anos os bloquinhos coloridos ajudam crianças a desenvolverem criatividade e habilidades cognitivas e motoras. Mas, na década de 1990, os executivos da Lego ficaram preocupados. A garotada estava trocando as peças da marca pelo videogame.
O dinamarquês Kjeld Kirk Kristiansen, presidente da Lego na época, queria rever o posicionamento estratégico da empresa.
Ele chamou dois professores especialistas no assunto: Johan Roos e Bart Victor.
Em parceria com o International Institute for Managment Development (IMD), da Suíça, e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, eles criaram a metodologia Lego Serious Play, que utiliza as peças da marca como uma ferramenta para criar soluções visuais para empresas.
O método foi replicado em diversas empresas e instituições para comprovar sua eficácia e uma das primeiras experiências foi com os funcionários da NASA, agência espacial americana.
Por trás de algo aparentemente simples como montar figuras com Lego, existe uma teoria complexa.
O método foi criado com base nas teorias do construtivismo de Seymour Papert e Jean Piaget, linha de pensamento que afirma que os indivíduos constroem seus próprios conhecimentos por meio de interações e ferramentas.
Além disso, a Lego Serious Play estimula a união entre exercícios manuais e cerebrais. Ao juntar as pequenas peças e pensar em conceitos, os indivíduos estimulam tanto o lado direito do cérebro (responsável pelos pensamentos lógicos), quanto o esquerdo (responsável pelo pensamento intuitivo e emocional).
A união desses dois lados numa mesma atividade ajuda a trazer à tona novas soluções para os dilemas empresariais
EXECUTIVOS PARTICIPANDO DO LEGO SERIOUS PLAY
BRASIL
A metodologia chegou ao Brasil pelas mãos de Mirian Fávaro. Ela conheceu a ferramenta em 2013, enquanto trabalhava para a Lego Education.
No mesmo ano, ela fez o curso necessário para a aplicação do método e montou a Play in Company, empresa de consultoria que realiza workshops de Lego Serious Play. Nesses últimos quatro anos, Mirian conquistou clientes como o Grupo Boticário, Sodexo, Otis, Yahoo e Cyrela.
Recentemente, a Play in Company firmou uma parceria com a agência de comunicação ADS para disseminar a metodologia dentro das empresas brasileiras.
Antes de iniciar essa empreitada, Rosana De Salvo, sócia-diretora da ADS, aplicou o método dentro da agência e garante que os resultados são surpreendentes. “Por meio das atividades percebemos que a diretoria era centralizadora e que precisava delegar mais para os gerentes”, afirma Rosana.
A metodologia é indicada para quem quer melhorar os processos de comunicação da empresa, realizar gestão de crises e materializar o cenário estratégico do negócio.
Os workshops podem ser realizados em quatro horas ou em dois dias, dependendo da necessidade de cada empresa.
O método geralmente parte das experiências individuais dos participantes para construção de sistemas complexos das empresas.
Todas essas dinâmicas usam as peças de Lego para construir experiências visuais dos cenários e dos agentes.
É possível, por exemplo, construir toda a cadeia de processos de uma companhia com as peças de Lego para entender como funcionam as dinâmicas com clientes, fornecedores e entre os diversos setores.
Dessa forma, os executivos conseguem ter uma visão em 3D de todo o negócio, identificar papéis que precisam ser revistos e nortear a tomada de decisões em momentos de crise.
“Por meio das atividades, o processo cerebral solidifica as imagens. Com isso, os valores da empresa ficam memorizados”, afirma Fávaro.
NEXO HW
Outra empresa que testou o Lego Serious Play é a Nexo HW, que recruta e engaja jovens talentos.
Andreas Auerbach, sócio e cofundador da Nexo, conheceu o Lego Serious Play enquanto realizava um processo seletivo para o Grupo Boticário.
Ele decidiu trazer a Play in Company para realizar um workshop dentro da sua empresa. Para ele, um dos principais benefícios do método é alinhar processos.
“Durante a dinâmica, construímos modelos isolados e, depois, conectamos para ter uma visão mais ampla da empresa”, afirma Auerbach. “O Lego ajuda a desarmar os participantes de ideias preconcebidas e a construir outros formatos cognitivos.”
O resultado, no caso da Nexo HW, foi alinhamento do planejamento da empresa.
Para Luciana Guedes, sócia e consultora da Trajeto RH, a eficácia do Lego Serious Play está relacionada a uma metodologia muito usada em atividades de recursos humanos e de psicologia, chamada pensamento sistêmico.
Por meio dessa abordagem e de ferramentas visuais, é possível compreender como funcionam processos e as dinâmicas dentro do ambiente corporativo. Mas não é necessário utilizar apenas peças de Lego para alcançar esses resultados.
“Nas atividades que realizo, utilizo outros materiais, como fichas de poker e post-it”, afirma Luciana. “Assim como no Lego Serious Play, conseguimos enxergar de fora a situação.”
Ainda de acordo com Luciana, esses métodos alternativos estão ganhando mais força dentro das empresas nos últimos anos e devem crescer ainda mais nos próximos.
Fonte: Fenacon
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