Conheça os melhores setores da economia para abrir um negócio
Com a economia estagnada e promessas pálidas de recuperação para os próximos anos, os empreendedores não alimentam o mesmo entusiasmo de alguns anos atrás. Abrir uma empresa, em qualquer ambiente econômico, requer seriedade, estudo e conhecimento – na realidade brasileira, país que ocupa a 123ª posição no ranking Doing Business, um risco nunca deve ser assumido sem a dose equivalente de cautela.
Apenas em 2015, 1,8 milhão de empresas fecharam as portas, a maior marca nos últimos cinco anos, segundo aponta um levantamento da consultoria Neoway a partir de dados das juntas comerciais de todo o país. Antes de completarem cinco anos, seis em cada 10 empresas fecham as portas. Empreendedorismo é uma atividade que ainda é buscada por necessidade, e não por oportunidade.
Mesmo nesse cenário, é inegável o potencial empreendedor do Brasil. Segundo o GEM 2015, publicação mais recente, 52 milhões de brasileiros com idade entre 18 e 64 anos estavam envolvidos na criação ou na manutenção de algum negócio, na condição de empreendedor em estágio inicial ou estabelecido. A taxa de empreendedorismo registrada no país foi de 39,9%, a maior desde o início da série de estudos, em 2002.
Esses dados reforçam que uma gestão eficaz do negócio – mais do que o entusiasmo inicial – é determinante para o sucesso a longo prazo. “Uma gestão eficiente deve ser pautada por planejamento, execução e acompanhamento dos resultados através da avaliação dos indicadores de performance”, afirma o consultor Rodrigo Morgan, sócio da Loja de Franquia.
1. Alimentação
Cada vez menos brasileiros têm tempo ou disposição para preparar as próprias refeições. O aumento do custo para a manutenção de empregados no lar, jornadas de trabalho e o longo tempo gasto no trânsito são alguns dos fatores que têm influenciado a preferência do brasileiro por refeições fora do lar. Em 2015, o segmento apresentou crescimento nas vendas de 6,2%, de acordo com o Instituto Foodservice Brasil. A previsão de aumento no volume de vendas para 2016 é de 7,7%. O faturamento estimado do segmento, que conta com um giro mensal de 80 milhões de clientes, é de R$ 60 bilhões.
“O segmento de alimentação é o que menos sofre sazonalidade por conta da crise e isso pode ser facilmente constado nos shoppings, onde você observa as lojas de calçados, vestuário, eletrônicos vazias e o que se vê nas praças de alimentação são filas intermináveis”, observa Lucas Biazon, diretor de expansão de franquias da rede Khea Thai.
Outro tipo de serviço que tem se destacado no segmento é o delivery. O setor cresceu 12,5% em 2015 e faturou R$ 9 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
2. Serviços para classes C/D/E
A mudança no cenário e perda de poder de compra das famílias das classe C, D e E não muda um fato que pôde ser constatado na última década: são elas quem fazem a economia girar, tanto com a compra de itens básicos quanto de produtos e serviços mais sofisticados.
A Vai Voando aposta em passagens aéreas pré-pagas para conquistar esse público – que, na maior parte das vezes, viaja para visitar familiares, e não a turismo. “Segundo estudos realizados pelo Data Favela, o Brasil tem 11,7 milhões de pessoas morando na favela, o que equivale ao 5º estado do Brasil em população. Estas classes movimentam pouco mais de R$ 56 bilhões por ano, número equivalente ao PIB da Bolívia”, explica Luiz Andreaza, diretor da companhia.
Esse tipo de serviço favorece o planejamento financeiro das famílias, que não precisarão comprometer o limite de crédito e pagar altas taxas de juros. As vendas para 2016 da Vai Voando chegaram a 58 milhões de viagens, o que demonstra o potencial desse tipo de serviço mesmo diante da crise. Mas é necessário saber lidar com os clientes.
“Por se tratar de um público simples e humilde, toda a comunicação deve ser clara, objetiva e de bom gosto. Ao contrário do que se pensa, este público é exigente. As empresas precisam oferecer um atendimento com qualidade, além de vantagens que ficam em evidência e valor justo”, conta Andreaza.
3. Pet
O mercado de cuidados com animais, bem como o de produtos de alimentação e estética, ainda tem gás. De acordo com dados da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp), o número de estabelecimentos desse segmento na capital paulista aumentou 80% entre 2014 e o primeiro trimestre de 2016 – passando de 726 para 1298 pontos comerciais. O programa Microempreendedor Individual passou a disponibilizar a categoria “pet sitter” (cuidador de animais) e já conta com 16,7 mil pessoas formalizadas na função.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44,3% dos domicílios brasileiros – ou 28,9 milhões de lares – têm pelo menos um cachorro. A população canina era de 52,2 milhões em 2013, último período com dados disponíveis. O Brasil tem mais cães domésticos do que crianças.
Os gatos estão presentes em 11,7 milhões de casas; sua população é estimada em 22,1 milhões. Também há ampla presença de peixes (18 milhões), aves (37,9 milhões) e répteis ou pequenos mamíferos (2,2 milhões) nos lares. O brasil é o quarto país do mundo em população de animais e o terceiro mercado do globo em faturamento no segmento. Apenas em 2015, o segmento de serviços e produtos para animais faturou R$ 18 bilhões, de 7,6% na comparação com 2014, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Esse crescimento foi, em grande parte, reposição inflacionária. Mas os dados apontam que o segmento apresenta estabilidade e conta com um amplo mercado à espera de melhores condições de consumo. Mas, antes de entrar de cabeça no negócio, é necessário fazer uma pesquisa de mercado na região e ficar atento à carga tributária do setor, que chega a 51%.
4. Beleza e cuidados pessoais
Em 2015, a indústria da beleza teve uma queda real de 8% em relação ao ano anterior, a primeira retração após duas décadas de crescimento contínuo. Porém o segmento tem porte: de acordo com uma sondagem da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o faturamento da indústria da beleza – considerando os produtos saídos das fábricas – foi de R$ 42,6 bilhões no período. O volume representa 1,8% do PIB.
No varejo, os produtos de beleza movimentaram, conforme dados da Euromonitor International, US$ 30,2 bilhões, a metade do acumulado em todo o mercado latino-americano. O aumento na produtividade e a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho influenciaram o crescimento acumulado de 57,6% entre 2010 e 2015. Para 2020, a previsão é de um faturamento de 34,5 bilhões, sem correção inflacionária.
Além do mercado interno, empreendedores que atuam no segmento podem exportar para mercados vizinhos. A Abihpec aponta que Argentina, Venezuela, Chile, México e Colômbia são os cinco maiores importadores de produtos brasileiros. Apenas eles respondem por R$ 441 milhões em importações e representam 58,7% das exportações brasileiras.
O número de salões de beleza, os maiores clientes do segmento, atualmente chega a 600 mil em todo o Brasil, de acordo com o Sebrae, contra 155 mil em 2012. O setor amarga números insatisfatórios com a recessão econômica. Mas a publicação da Lei 13.352/16, que possibilita a celebração de contratos de parceria entre profissionais e salões de beleza, pode estimular o setor nos próximos anos com a redução de encargos trabalhistas.
5. Franchising
O modelo de franquias vem se consolidando e expandindo no Brasil. Mesmo com a desaceleração econômica, o setor de franquias cresceu 8,8% no terceiro trimestre de 2016, conforme aponta uma pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF). “O Brasil já é o quarto maior mercado mundial em termo de marcas franqueadoras e o sexto em termos de unidades franqueadas. O sistema de franchsing já é maduro e consolidado no país e continua crescendo consistentemente em níveis maiores do que nosso PIB”, ressalta Rodrigo Morgan.
A vantagem do modelo consiste em adquirir uma marca já testada e validada pelo mercado, inclusive com previsões de lucro, o que reduz os riscos se o modelo for comparado a iniciar uma nova empresa do zero. “Contudo, há a necessidade do empreendedor estar preparado para gerir seu próprio negócio”, lembra Davi Andrade, CEO da Bússola do Empreendedor. Segundo ele, muitos franqueados alimentam uma expectativa equivocada em relação ao franqueado.
“Muitas vezes espera-se que a franquia ensine o franqueado a gerir um negócio. Ou seja, existe, em grande parte dos casos, uma grande expectativa por parte do empreendedor, que acaba sendo frustrada pelo franqueador”, enfatiza Andrade, que também recomenda cautela ao escolher uma marca. “O empreendedor deve se informar sobre o que a franquia realmente oferece e entrega de apoio para que ele estruture o negócio. Ele precisa também consultar outros franqueados e verificar se a franquia está com suas atividades regulares”, considera.
Fonte : Administradores